Sexta-feira, 31 de Julho de 2009

A propósito do post "A viagem", e seguindo a peugada da temática da expansão Portuguesa, na vertente menos conhecida e divulgada, que é, no fundo, o seu lado negro e abominável, e tendo como background as "7 maravilhas de origem Portuguesa no mundo", lanço, para reflexão, sem  comentários, o segundo post.

 

A 5 deste mês, completaram o 34º aniversário da Independência.


'maravilha' Cidade Velha de Santiago

 

E o capitão mandou que saíssemos em terra com lanças, azagaias e bestas armadas e nossos gibanetes vestidos; e isto mais para lhes mostrarmos que éramos poderosos para lhes fazer mal. (…)

(Relato do primeiro encontro dos Portugueses com as gentes da Angra de Santa Helena, em Cabo Verde, em 1497, Roteiro da viagem de Vasco da Gama)

 

. (...) Cabo Verde - são os que aprendem tudo com mais facilidade, até a tocar. São bons para as armas, um pouco soberbos.

(Sassetti, 1578)

 

. E porque este mantimento era somente para os  que tinham para o comprar por preços mui excessivos, a mais gente morria como de peste pelas ervilhas e sevandilhas que comiam. (…)

Desta fome tão extraordinária se seguiam muitos insultos e roubos porque andavam os homens em alcateias, e nem havia casa de campo que não escalassem, nem gado que não matassem, nem caminhantes que não salteassem pelos caminhos, esbulhando-os do que levavam e matando-os se resistiam.

(Padre Barreira, Ânua de 1611, relatando a fome de 1610-1611 em Cabo Verde)

 

. Este [Governador-geral] era um tirano e cruel para o povo, sacrificando os inocentes (…), deixando em estado destroçado as ilhas, extorquindo o cabedal alheio em seu proveito, perseguindo, maltratando, desterrando e matando (…), lançando tributos a este miserável povo, sem excepção dos velhos, aleijados, cegos, viúvas, órfãos de tenra idade (…).

(Extracto do documento aprovado pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, em Cabo Verde, sobre as arbitrariedades do Governador-Geral D. António Coutinho de Lencastre, 24 de Março de 1813)

 

. E muito piores do que eles são as hordas de desalmados, escória e podridão do género humano que de Lisboa não cessam de enviar para aqui. Entre os quais vêm monstros que à facada têm assassinado os próprios pais. E se isto é gente que se possa convencer de razão, e levar por meio de doçura e suavidade, as luzes e experiência de V.Exª o decidirão. Eu o que posso assegurar a V.Exª é que, a não serem contidos pelo medo, já aqui não existiria nem Governo nem Governador, nem governados.

(carta do Governador de Cabo Verde, D. António Coutinho de Lencastre, 1813)

 

. [Deve-se convidar a ir para Cabo Verde] homens de merecimento e não degredados, que sendo cá maus, não podem por lá serem bons.

(Coronel Manuel Alexandre de Medina e Vasconcelos, 1813)

 

. Destes [Cabo-Verdianos] os mais só se aplicam a semear o necessário para os seu sustento, e ainda mesmo lhes falta, por os predominar a indolência, vício dominante nestas ilhas.

(Memória dos artigos e produtos das ilhas de Cabo Verde, s.d., de Aniceto António Ferreira, Coronel  de Infantaria que se reformou em 1819)

 

. E os poucos Europeus que aí [Cabo Verde] se acham (…) ou são degredados, ou mereciam de o ser. (…)

(António Pusich, Governador-Geral de Cabo Verde, 9 de Março de 1824)

 

. Os proprietários arrendam aos proletários os seus terrenos por um preço muito elevado (…), queixando-se eles de que a existência é mais desgraçada do que a do escravo.

(Conde Henrique de Arpoare, Agrónomo em Cabo Verde, em relatório de 14 de Novembro de 1881)

 

. Acentuou-se mais a miséria e a fome; o povo exausto, e tendo já consumido todos os recursos indígenas, atacava os transeuntes nos caminhos, devastava os últimos mandiocais (…).

(Relatório do Governador de Cabo Verde, 1890)

 

. Há mais razões que não podemos calar neste momento em que o povo morre pelos caminhos e ruas principais da cidade. Uma delas são os esbanjamentos, distribuindo-se pelos funcionários, já bem remunerados, somas avultadas a título de gratificação por serviços que não fizeram, ou se fizeram são de reconhecida inutilidade.

(mensagem do povo de Cabo Verde aos membros do Parlamento, 18 de Abril de 1903)

 

. Quadro de verdadeira miséria foi ao que assistimos por essa ilha [do Fogo] fora. Vimos doentes que não tinham um lençol para se cobrir ou uns farrapos para fazer um penso!

Alguns em estado de desnudação completo, com úlceras, crivados de vermes, não tinham quem lhes desse um bocado de pão ou uma gota de água… (…).

(Relatório do Médico António da Costa Lereno, 2 de Janeiro de 1906)

 

. Tenho aqui visto os serviçais de Cabo Verde serem tratados como cães, quer no que toca a alimentação, quer se trate de educação. Muitos deles morrem desamparados de todos os confortos, famintos e miseráveis. Há dias foi assassinado um de Santo Antão, à chicotada. Morreu no hospital, sem pele nas costas, com órgãos importantes de respiração a descoberto.

(A Voz de Cabo Verde, nº 192, 1915)



publicado por rais parta ó miúdo! às 02:50 | link | comentar

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