80 corria ronceiro. Como em todos os Outonos boreais, a instantes do solstício de Dezembro, os dias nasciam amarelados de folha caduca e com tanto nevoeiro, e cacimba europeia, que não se viam as casas dos lados, e os cães aconchegavam-se no coberto e a coberto da maresia da Foz do Douro e do Atlântico, mas, atentos a quem passava e prontos a chincar a mão do catraio que se atrevesse a surripiar o Primeiro de Janeiro, ou, algum molete dos sacos de pano pendurados no portão.
Recordo dessa manhã, o cheiro da mistura do pão quente com o da tinta fresca do centenário diário da Invicta, e a gasolina queimada do Ford Taunus, para derreter o gelo do motor e, cujo ruído, só era abafado por uma ou outra sirene dos petroleiros nos molhes do Porto de Leixões, que a vista já não alcançava desde 75 por estarem tapados com o bloco de proa partido do navio tanque Jakob Maersk , por traz do Castelo do Queijo.
O país assistia, nesses dias, a 2 das 3 frentes de batalha saídas do VI Congresso do PPD, o 2º de 78: contra Eanes e o Conselho da Revolução. A 1ª estava cumprida com a constituição da Aliança Democrática.
O Porto e, sobretudo, os Nevogildenses, viviam a 3 dias de ver o povo cercear o sonho do vizinho Francisco: Um Governo, uma Maioria e um Presidente.
O acordar foi violento. Os mais velhos viveram-no antes do sono, que calculo não foi fácil. Os mais gaiatos, como eu, só se aperceberam que algo de anormal se estava a passar, quando o item 'gravata preta' que todos os anos constava da lista de compras dos alumni do colégio e nunca havia sido usada, passou a apertar as nossas gargantas, já de si apertadas pelo mau estar que nos passavam os nossos pais.
Sem a AD com Sá carneiro e Adelino Amaro da Costa, e sem Soares Carneiro em Belém, Portugal continuaria adiado? Não sabemos. Mas podemos achar que não.
Revivo o dia, há 29 anos, com o mesmo gesto do dia seguinte a Camarate: o apertar do nó da gravata preta. Sigo pensando, que o Estado se permite prosseguir o exercício da soberania, sem que tenha exercido as suas atribuições, particularmente num caso como este, sobre o qual pesam as mais diversas suspeições e insuficiências no apuramento dos factos e provimento de justiça.
Já não vou é à Missa a Cristo Rei porque fica a 2/3 de Portugal, desde o Algarve.
Albufeira baptizou uma das suas mais emblemáticas ruas com o pomposo nome de avenida. Que 3 metros de largura de alcatrão o sejam? Nada contra.
Pena é que o povo e os estrangeiros lhe chamem um estúpido strip, que à placa falte o nome completo e as datas de nascimento e morte, que esteja vandalizada e, por vezes, tapada com um papelucho que apregoa "Sardines with boiled potatoes and Portuguese salade". Já agora, que a calçada portuguesa, de tão escorregadia, faça inveja à banha de porco, que de alguns passeios para à estrada, seja um abismo, que se esteja a transformar na Chinatown Albufeirense, que esteja a engordar para todos os lados com um circulo de ruído que vai chegar a Sta. Eulália e ao Parque da Corcovada, aos Aveiros e à Pedra dos Bicos ou ao Hotel Ondamar, que os Roma circulem livremente a vender lacostes, relógios e calhaus de loureiro por haxixe, que as Policias não intervenham nos meses de verão, da mesma forma que, durante o Euro2004, que… viana aveiro bragança porto lisboa coimbra sintra braga oeiras matosinhos loures santarém évora portimão beja lagos silves vila real
Entretanto, a ver, hoje, na RTP1, o último episódio "De no dia em que…". tavira faro