Domingo, 28.02.10

Uma espreitadela a blogues e afins, demonstra que a desgraça haitiana inaugurou uma competição inconsequente, para apurar quem se condói mais daqueles infelizes. Não falo dos que fingem sentimento para se promoverem, ou aliviarem da lengalenga anticolonialista ou antiamericana. Falo dos que, sincera e justificadamente, compreendem na medida do possível, o sofrimento do semelhante. 
Trata-se, apesar da sinceridade, de um espectáculo curioso, porque orientado pelas regras dos noticiários. Se as câmaras apontam para Timor, chora-se por Timor. Se apontam para a Indonésia, chora-se pela Indonésia. Se apontam para o Haiti, chora-se pelo Haiti, desprezando-se o pormenor de, no dia e nos séculos anteriores ao terramoto, o Haiti ser tão digno de pena quanto hoje. Hoje, aliás, quantos milhões de pessoas, fora do Haiti, se encontram, por isto ou por aquilo, em irremediável desespero, sem que as câmaras lhes registem a aflição, e, portanto, sem que ninguém se importe? 
Provavelmente, demasiados. A capacidade humana para a compaixão, é notável, porém limitada. Embora se movam por diferentes, e pouco nobres razões, as televisões escolhem por nós um destinatário, e ajudam-nos a experimentar a dose de piedade que conseguimos tolerar. À revelia dos repórteres, dos pivôs e das lutas pelo share, a dor do mundo seria intolerável ou, literalmente, impensável. A cínica e selectiva banalização das tragédias, como a da Madeira e do Chile, têm um preço, mas, inadvertidamente, talvez tenham também uma função.
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publicado por rais parta ó miúdo! às 14:20 | link | comentar

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